Rev. Mario Felix Lleonart Barroso, que deixou Cuba após ser alvejado pelas autoridades, disse à missão ‘International Christian Concern’ (ICC) que o governo cubano acompanha de perto os grupos religiosos, para poder controlá-los.
O Escritório de Assuntos Religiosos (ORA) “deveria mediar e agir como uma ponte entre as igrejas, as pessoas e o governo”, disse ele.
“Mas se você já viveu em Cuba ou sabe alguma coisa sobre a maneira como as coisas acontecem ‘lá dentro’, você sabe que o ‘ORA’ é nada mais que um braço do governo, estabelecido para suprimir as liberdades religiosas e os direitos dos cidadãos cubanos. É apenas mais uma das formas do governo ter seus olhos e ouvidos em todos os lugares”, acrescentou.
A Constituição garante a liberdade religiosa em Cuba, mas a ‘Christian Solidarity Worldwide’ (CSW), baseada no Reino Unido, alertou que o tratamento dado pelo governo aos grupos religiosos se deteriorou significativamente no último ano. A organização acusou as autoridades de alvejar propriedades da igreja “para apertar o controle sobre as atividades e a composição dos grupos religiosos e, assim, eliminar o potencial de qualquer agitação social”.
Entre janeiro e julho de 2016, a CSW registrados 1.606 violações da liberdade religiosa, incluindo a demolição e o confisco de igrejas e detenções arbitrárias.
Os líderes religiosos também tiveram seus pertences pessoais confiscados, e mais de 1.000 igrejas ainda são considerados “ilegais”, estando sob ameaça de serem confiscadas no futuro.
Barroso disse que o fechamento de igrejas e o despejo dos membros é algo “bastante ruim”, mas advertiu que há também “o problema de destruir ou até mesmo queimar objetos do interior dos templos… isso sem mencionar, a ameaça de violência física, já inerente à vida de um cristão em Cuba”.
O pastor Mario Felix foi preso em março, poucas horas antes do presidente dos EUA, Barack Obama chegar a Cuba para uma visita oficial de Estado. Sua esposa foi colocada sob prisão domiciliar e trancada dentro de sua própria casa, com as duas filhas pequenas do casal.
“Foi um daqueles momentos que você nunca esquece”, disse Barroso à ICC. “Saber que sua filha está assistindo a algo assim é uma experiência dolorosa. É difícil para uma mente tão jovem, entender que o fato de expressar suas crenças e sua opinião pode levá-la à prisão”.
“Você pensa consigo mesmo: defender o que é certo pode acabar sendo o fim da minha vida”.
Apesar dos problemas, no entanto, o pastor Barroso disse à ‘ICC’ que ele permanece esperançoso sobre o futuro da Igreja em Cuba.
“A razão pela qual o governo às vezes tenta silenciar a Igreja ou fechar templos é porque ele está preocupado com o número de pessoas que estão se afastando do Estado [governo] e olhando para Deus, procurando respostas e esperança”, disse ele.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN TODAY