Uma revolução silenciosa está ocorrendo América, afirmam Brad Christerson e Richard Flory, autores do livro “The Rise of Network Christianity: How Independent Leaders Are Changing the Religious Landscape” (“A ascensão da rede da cristã: como os líderes independentes estão mudando a paisagem religiosa”, em tradução livre).
Em grande parte nos bastidores, um grupo de “apóstolos”, na sua maioria autoproclamados, conduzem ministérios por todos os Estados Unidos, da Carolina do Norte ao sul da Califórnia, e atraem milhões de fiéis com promessas de acesso direto a Deus através de sinais e maravilhas.
Esse movimento, que os autores Christerson e Flory chamaram de “Rede Independente Carismática” (ou “INC”, na sigla em inglês) tornou-se um dos grupos de fé de mais rápido crescimento nos Estados Unidos.
Apóstolos como Bill Johnson, Mike Bickle, Cindy Jacobs, Chuck Pierce e Ché Ahn reivindicam milhões de seguidores. Eles também são auxiliados por um exército de colegas ministros que caem sob sua “cobertura espiritual”.
Muitos desses apóstolos dirigem megaigrejas, incluindo a Igreja Bethel em Redding e a Igreja de HRock, em Pasadena (Califórnia) e a Casa Internacional de Oração (IHOP) em Kansas City (Texas).
Mas, segundo os escritores, o verdadeiro poder dessa rede reside na abordagem inovadora para apresentar a fé. Combinaram marketing multi-nível, sinais e maravilhas pentecostais e otimismo pós-milenar para se conectar diretamente com milhões de fiéis.
Isso lhes permite arrecadar milhões em doações, taxas de conferência e vendas de livros e DVDs. Como os “apóstolos” da INC atuam de maneira independente, não estão submetidos a nenhuma supervisão eclesiástica ou teológica.
O jornalista Bob Smietana, do portal Christianity Today, entrevistou Christerson (professor de sociologia na Universidade de Biola) e Flory (diretor sênior de pesquisa e avaliação no Centro de Religião e Cultura Cívica da Universidade do Sul da Califórnia) sobre a abrangência e riscos do movimento.
Bob perguntou qual é a diferença entre os cristãos do INC, o movimento da teologia da prosperidade ou outras denominações neopentecostais. A resposta foi extensa.
“Provavelmente o parentesco mais próximo seria o movimento do evangelho da prosperidade. Mas é um pouco diferente, pois o movimento INC tem uma rede que coopera com mais frequência. A teologia da prosperidade consiste em empreendedores individuais, pregadores de TV e líderes de megaigrejas, mas não há tanta cooperação [entre eles]”, afirmou Christerson.
“Além disso, a teologia é diferente. Os pregadores da prosperidade se concentram mais na saúde e riqueza do indivíduo. Este grupo é único porque eles realmente pensam que Deus colocou esses apóstolos na Terra para basicamente transformar o mundo. É uma espécie de cristianismo gotejante, onde esses apóstolos estão no topo da montanha, exercendo esse poder de cima para baixo”, acrescentou.
Já o pesquisador Flory observou que os “apóstolos” formaram redes que movimentam “muito mais dinheiro, porque eles estão operando com um modelo de pagamento por serviço, ao invés de confiar nas doações das pessoas e sua boa vontade”.
“As congregações se esforçam para manter as pessoas felizes e mantê-las frequentando; As pessoas não precisam contribuir a menos que se sintam assim. Mas este é um modelo financeiro completamente diferente e tende a gerar muito mais dinheiro”, ponderou.
Ao final, os dois escritores resumiram suas observações reconhecendo que o novo modelo de igrejas evangélicas que está tomando conta dos Estados Unidos é atrativo para as massas e representa, sem alarde, uma verdadeira revolução na religião, que pode afetar a sociedade.
Fonte: Gospel +