Pastor-deputado explicava os motivos do impeachment

O pastor Marco Feliciano (PSC/SP) tem sido um dos parlamentares da bancada evangélica mais incisivos no confronto político-ideológico travado na Câmara dos Deputados. Nesta quinta ele viveu três momentos distintos enquanto participava das suas atividades parlamentares.

O primeiro foi enquanto aguardava os inícios dos trabalhos da Comissão especial que analisa o pedido de impeachment da presidente Dilma. Ele fazia uma transmissão pelo Facebook, contando um pouco dos bastidores do processo, pois é membro da comissão.

Ao seu lado estava o deputado federal Silvio Costa (PTdoB/PE). Eles já pertenceram ao mesmo partido, mas Costa, por ser dilmista, acabou indo para outra sigla e continua defendendo a presidente.

De forma civilizada e democrática, os dois conversaram sobre o que os leva a manter suas posturas. Costa é contra o impeachment, e Feliciano, a favor. Ao longo dos três minutos que durou a conversa, o pastor desmontou os argumentos contrários. Ele lembrou todos os argumentos jurídicos, que inclui o pedido da OAB, e que o impeachment é defendido por muitos especialistas em leis do país.

Posteriormente, durante a sessão regular, subiu à tribuna e durante 10 minutos elencou todas as leis quebradas pelo governo Dilma. Isso inclui as conhecidas “pedaladas fiscais”. Caso seja comprovado que a presidente descumpriu o que diz a legislação, além de ser deposta do cargo, poderia ser presa.

Ao enfatizar essa questão, diz que esse é “o grande medo dos petistas”. Na transmissão do discurso, pela TV Câmara, mostra que parlamentares governistas gritaram com o pastor.

O momento mais triste foi quando, após as reuniões regulares do Congresso, foi ofendido pela deputada federal Moema Gramacho (PT/BA). Não podendo desqualificar o parlamentar, ela decidiu atacar sua condição de pastor. “Devolve o dízimo do povo”, gritou. A reação dele foi lembrar que está lá por que foi eleito com 400 mil votos.

No calor da discussão, afirmou que Dilma e Lula deveriam ir para a cadeia, por conta dos crimes que cometeram. Também enfatizou que “a roubalheira do PT está acabando”.

O deputado postou o vídeo em seu perfil do Facebook. Incluiu os seguintes comentários: “E fui ameaçado por quebra de decoro. Podem me chamar de ladrão, mas eu não posso falar nada que querem processar”.

Esse é um contraste que chama atenção. No mesmo dia, Feliciano conseguiu dialogar civilizadamente com quem discorda dele, foi incomodado enquanto exercia sua prerrogativa de deputado ao discursar e foi atacado por colegas que já não possuem argumentos.

Curiosamente, Gramacho, que foi quem pediu que Feliciano devolvesse o dízimo, insinuando que isso seja uma prática errada, foi condenada em 2014 a devolver R$ 1,3 milhão aos cofres públicos da cidade de Lauro de Freitas (BA), onde foi prefeita.

Tampouco há registro que ela tenha cobrado publicamente que os membros de seu partido presos por operações ilegais (mensalão, petrolão) devolvessem o dinheiro que não lhes pertencia e foi tirado do erário público.

Entre 2005 e 2008, segundo informa o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), ocorreram repasses fraudulentos à ONG Instituto Brasil no montante de R$ 28,6 milhões. Todos os convênios haviam sido objeto de ação no MP ou condenação do TCM. Inclusive a da cidade de Lauro de Freitas, comandada então pela prefeita Gramacho. Fonte: noticias.gospelprime.com.br/por Jarbas Aragão