Muçulmanos ocupam os cargos de presidente e vice e contrariam a tradição
Hoje, a Comissão Eleitoral da Nigéria anunciou a vitória de Bola Tinubu nas eleições presidenciais. O resultado das urnas prolonga a liderança do partido Congresso de Todos os Progressistas (APC) no país, o mesmo do chefe do executivo anterior, Muhammadu Buhari.
Ao contrário da tradição, que previa que um cristão do Sul e um muçulmano do Norte deveriam se intercalar nos cargos de presidência e vice, a chapa eleita é exclusiva de muçulmanos. Tinubu recebeu 40% dos votos válidos, o equivalente a 8,79 milhões de votos.
Antes das eleições, a Associação Cristã da Nigéria (CAN, da sigla em inglês) manifestou a preocupação com a escolha de dois candidatos muçulmanos. O secretário nacional da associação deixou claro que não apoiava uma chapa exclusivamente cristã ou muçulmana, mas que gostaria que a tradição fosse mantida.
Após alguns problemas no novo sistema de votação, a oposição do governo exigiu a anulação da disputa eleitoral. No entanto, o órgão eleitoral nacional (Inec) lembrou que os candidatos e partidos “lesados” deveriam seguir os procedimentos legais para questionar o pleito.
O novo presidente da Nigéria foi eleito duas vezes como governador do estado de Lagos, na década de 2000. As receitas do estado aumentaram e as taxas de crimes violentos diminuíram nessa época. Muitos nigerianos acreditam que ele possa ampliar essa ação para o país todo.
Perseguição a Cristãos na Nigéria
Os cristãos na Nigéria enfrentam perseguição de uma agenda organizada de islamização forçada, que é mais predominante no Norte do país e tem gradualmente se espalhado para o Sul.
Desde que os estados do Norte declararam lealdade à sharia (conjunto de leis islâmicas) em 1999, essa islamização forçada ganhou força, por meios violentos e não violentos. Ataques de grupos militantes islâmicos têm aumentado consistentemente desde 2015. O governo falhou em impedir o aumento da violência, que afeta todos os nigerianos, mas principalmente os cristãos.
A violência é mais abrangente no Norte, onde grupos militantes, como o Boko Haram, Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP, da sigla em inglês) e os militantes fulanis, provocam mortes, danos físicos, sequestros e violência sexual em suas vítimas. Cristãos perdem suas terras e suas formas de sobrevivência. Muitos vivem como deslocados internos ou refugiados.
Nos estados onde vigora a sharia, no Norte da Nigéria, cristãos enfrentam discriminação e exclusão como cidadãos de segunda classe. Cristãos de origem muçulmana também enfrentam rejeição dos próprios familiares, pressão para desistirem do cristianismo e muitas vezes violência física.
A Nigéria ocupa a 6ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2023, documento editado anualmente pela Portas Abertas e que classifica os 50 países em que os cristãos são mais perseguidos
O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos na Nigéria?
A Portas Abertas trabalha por meio de igrejas parceiras locais para fortalecer cristãos na Nigéria com treinamento de preparação para a perseguição e discipulado, cuidados pós-trauma, ajuda emergencial e projetos de desenvolvimento econômico.