Saiba como a corrupção permanente no Estado e na sociedade resulta em perseguição direta aos cristão
Fonte: Portas Abertas
Corrupção e crime organizado é um dos nove tipos de perseguição apresentados pela Portas Abertas. Ela descreve a situação de perseguição em que grupos ou indivíduos criam um clima de impunidade, anarquia e corrupção como meio para enriquecimento próprio. Ela possui dois “ramos” principais: a corrupção de estruturas estatais e a corrupção da sociedade pelo crime organizado. Esse tipo de perseguição se expressa por meio da combinação entre pressão sistemática e violência.
Quantos países da Lista Mundial da Perseguição 2023 têm corrupção e crime organizado como o principal tipo de perseguição?
Dos 50 países classificados na LMP 2023, apenas dois países, ambos latino-americanos, têm corrupção e crime organizado como principal tipo de perseguição: Colômbia e México. Além desses, esse tipo de perseguição também está presente em outros 23 países de forma secundária. São eles: Somália, Iêmen, Eritreia, Líbia, Nigéria, Paquistão, Irã, Afeganistão, Sudão, Síria, Mianmar, Maldivas, Mali, Iraque, Mauritânia, Burkina Faso, República Centro-Africana, Vietnã, Níger, Moçambique, República Democrática do Congo, Camarões e Nicarágua.
Como corrupção e crime organizado se manifestam?
Em países da América Latina, como Colômbia e México, grupos criminosos (de drogas, tráfico humano, etc) utilizam violência para manter a igreja sob controle, principalmente em comunidades remotas e indígenas. Em nível nacional, os interesses desses grupos são servidos por políticos e protegidos pelo Estado. Isso resulta na luta entre grupos armados, perseguição e ataques, que afligem os cristãos locais.
Por causa da perseguição, Laura cresceu no Abrigo Lar Cristão, apoiado pela Portas Abertas na Colômbia
Na Colômbia, a infância de Laura foi marcada por ameaças, extorsão e assédio. “Sou de Guaviare, uma área dominada por grupos ilegais, mais conhecidos como guerrilhas”, conta a cristã que hoje tem 22 anos. Deus respondeu à oração da adolescente de 14 anos na época, que foi acolhida no Abrigo Lar Cristão, apoiado pela Portas Abertas, um lugar onde ela poderia ficar longe da guerra que a cercava.
Já no México, cristãos indígenas enfrentam severas punições e podem ser até mesmo expulsos das comunidades pelo simples fato de crerem em Jesus. Ao deixarem de seguir algumas tradições e costumes, são excluídos da comunidade onde cresceram e enfrentam solidão e angústia.
Um exemplo disso são cinco famílias que se reuniram com parceiros da Portas Abertas para receber apoio. Elas contaram que perseguidores exigiram o pagamento de uma taxa de quase 1.400 dólares por família para que a perseguição pare e os cristãos não sejam expulsos da comunidade.
A ameaça exige o pagamento dessa enorme quantia em até dois meses. Os parceiros locais estão ajudando os cristãos a estabelecerem projetos produtivos para que as famílias consigam se proteger, ter o sustento de que precisam e se libertar dos perseguidores, pois a terra e as colheitas das famílias cristãs foram tomadas antes da extorsão.
Classificação da corrupção e crime organizado
Muitos grupos criminosos não atuam apenas em comunidades sob seu controle, mas também estabelecem redes de atuação em vários outros estados mexicanos
O Índice de Percepção de Corrupção de 2021 classificou a Colômbia em 87º lugar entre 180 países. Apesar dos esforços iniciais na implementação do acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), seis anos após a assinatura, dissidentes do grupo, membros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e outros grupos de guerrilha ainda lutam pelo controle de regiões inteiras a fim de conduzirem atividades ilegais.
Esse contexto levou líderes de igrejas e grupos cristãos a serem vítimas de monitoramento sistemático, sequestros, ameaças, extorsões, deslocamento forçado e mortes, bem como ataques a propriedades cristãs públicas e ameaças diretas a filhos de pastores. Essas medidas são direcionadas principalmente a cristãos que se opõem às atividades criminosas, defendendo os direitos humanos, pregando a combatentes e civis, conduzindo atividades de oração em áreas violentas e desencorajando jovens a se unirem a grupos criminosos.
Quanto ao México, a organização Transparência Internacional, em 2021, classificou o país na posição 124 de 180 países. Muitos grupos criminosos não atuam apenas em comunidades sob seu controle, mas também estabelecem redes de atuação em vários outros estados e atuam ativamente em todo o país. Esses fatores resultam em um combate contínuo entre os grupos, causando uma espiral de violência. Além disso, algumas comunidades formaram grupos de autodefesa para manter criminosos e policiais corruptos afastados; entretanto, muitos também os consideram criminosos.