O escritor Marcílio França Filho, mestre em teoria da literatura pela UFMG, lembrou de Macedônio Fernandez para questionar a pesquisa, destacando que existem vários tipos de leitores. Entre eles, o leitor de vitrine, o recolhido, o resoluto, indeciso, continuo e o que ler saltando. Marcílio questiona a pesquisa querendo saber onde se encaixa o leitor que ler fragmentado, principalmente na era da internet. Na metodologia da pesquisa, para ser leitor é necessário ter lido ao menos um livro nos últimos três meses. Foram ouvidos 5 mil pessoas entrevistadas no período de 23 de novembro a 14 de dezembro de 2015.
Já a escritora e ganhadora do prêmio Jabuti, Neca Setúbal, destacou que é preciso pensar na juventude. Segundo ela, a leitura, a escola e a literatura fazem uma conexão com o mundo.
“A internet abre mundos dispersos, a literatura também, mas com um olhar da imaginação, dos sonhos, da arte. A literatura é a fonte de riqueza da alma, além de formar vocabulário”.
Importância da mãe e do professor na leitura
Neca Setúbal alerta que é preciso que a família trabalhe situação desde bebê para que ele seja ligado à leitura.
“Quem mais influencia e que dá dica sobre livro é a mãe e o professor, segundo a pesquisa e eu falo da importância de você ter um País com maior acesso a educação. Dados mostram que 66% das mulheres têm ensino médio completo, quando há 10 anos tinha um número de 25%. Isso é um salto muito grande e vai ter um impacto nas crianças, porque a mãe tem muita importância na educação e na indicação de livros”.
Bíblia
No levantamento, o livro mais lido pelo brasileiro é a Bíblia. Marcílio França diz que a pesquisa chama atenção ao afirmar que a leitura está conectada a ordem religiosa, ao trabalho e a televisão.
“É preciso desmontar isso para que a leitura seja mais diversificada. Não tenho nada contra a Bíblia, é preciso ler até bula de remédio, a minha questão é a ordem de leitura”.
No debate, Neca Setúbal ressaltou o fenômeno do Harry Pottter e disse que o sucesso da saga pode está indicando que o livro não pode ficar sozinho.
“Não é só o livro, tem filmes, jogos, quadrinhos, bonecos. O Harry Potter é um exemplo emblemático. Isso mostra que o livro não perde seu valor se vier com outras manifestações culturais”.
Publicado em Cidade Verde