Mesmo frente aos desafios enfrentados em Cuba, o Contrabandista de Deus não desistiu

Fonte: Portas Abertas

A filosofia ateísta do comunismo continuou a se propagar durante as décadas de 1960 e 1970. Além de se espalhar da China à União Soviética, passou pelo Leste Europeu e África, alcançando Cuba. O Irmão André visitou o país latino pela primeira vez em meados dos anos 1960. Mas pelo trabalho que desenvolvia junto aos cristãos locais, o governo se opunha cada vez mais à presença dele no país.

Em uma das visitas, Irmão André solicitou uma audiência com o próprio Fidel Castro, mas ele estava ocupado demais “nas plantações de cana-de-açúcar”. Assim, foi recebido pelo ministro da Cultura que era responsável por boa parte da perseguição aos cristãos. Verdadeiro zelote da revolução, não ficou feliz ao ver o Irmão André. “Sei das suas viagens a nosso país e do que tem feito por aqui”, disse secamente.


Então mostrou um espesso maço de relatórios policiais sobre todos os lugares que o Irmão André tinha visitado e as pessoas com quem se encontrou nas estadas anteriores. “De agora em diante, você não vai mais pregar aqui”, ele afirmou. Mas o Irmão André já havia recebido essa ordem muitas vezes nas viagens e se recusava a aceitá-la.


“Se não tenho permissão para pregar, então será que há algum problema em fazer perguntas ao povo?”, retrucou Irmão André. “Ora… Não faria mal nenhum”, disse ele, refletindo um pouco. Irmão André tentou avançar um pouco mais. “E se as pessoas quiserem me fazer algumas perguntas? Posso respondê-las?”, questionou. Outra pausa. “Não creio que isso cause nenhum problema.” Essa era a permissão que o Irmão André queria. Dentro dos limites que o ministro impôs, ele poderia falar praticamente tudo o que quisesse.


Perguntas e respostas

Na esperança de conquistar a simpatia do ministro da Cultura, Irmão André continuou a conversa: “O senhor percebe que se a igreja da Rússia fosse realmente cristã, jamais haveria a revolução?”. A resposta dele foi: “Nem preciso lhe dizer o quanto me agrada ver que muitas igrejas cristãs em todo o mundo não são muito cristãs. Por causa disso, nossa revolução continuará a se espalhar. Nada irá detê-la. Temos uma meta: conquistar este mundo. Mas vocês muitas vezes parecem mais preocupados com promessas vazias. Só posso respeitar um cristão se ele tentar me conquistar para sua causa. Mas, felizmente, não há muitos desses por aí”.


Durante o resto da visita, sempre que o Irmão André se levantava na igreja para falar, começava dizendo: “Tenho algumas perguntas para fazer a vocês: ‘O que vocês acham que significa ser seguidor de Cristo no mundo de hoje? Quantos de vocês aceitaram Jesus Cristo como seu Salvador?’”. Uma por uma, as pessoas da congregação começavam a falar com entusiasmo sobre sua vida cristã e seu relacionamento com Jesus. Algum tempo depois, ele lhes dizia: “Por acaso vocês têm alguma pergunta a me fazer?”.


Várias mãos se levantavam, e alguém perguntava: “Como posso nascer de novo?”. Outro dizia: “O que a Bíblia nos ensina sobre quem era realmente Jesus?”. Depois de ouvir algumas perguntas, ele tirava todo o tempo necessário para folhear as Escrituras e respondê-las. Os policiais continuavam frequentando os cultos nas igrejas e, ao repassarem os relatórios, o ministro da Cultura ficou furioso. Irmão André sabia que não seria bem-vindo em Cuba por muito mais tempo.


Apesar disso, o trabalho da Portas Abertas, não apenas em Cuba, mas também em outros países da América Latina, só expandiu. Porém, os cristãos perseguidos latinos ainda precisam de nosso apoio. Mantenha vivo o legado do Irmão André.