“As pessoas não querem morrer, querem acabar com a dor que estão sentindo”, diz fundadora.
O suicídio é a segunda causa de morte entre os jovens no país. O mapa da violência mostra que por dia 32 pessoas tiram sua própria vida, vítimas de transtornos mentais. O Brasil tem um déficit muito grande de serviços de tratamento preventivo e por falta de informação, muitas pessoas sofrem sem receber o acompanhamento adequado.
Isso aconteceu na família Mesquita. Após sofrer uma perda traumática e constatar que os serviços de urgência não estão preparados para lidar com a situação, a escritora Késia Mesquita resolveu transformar todo seu sofrimento em esperança e fundou em 2013 o Centro Débora Mesquita. A instituição oferece acompanhamento psicológico gratuito para pessoas em situação de risco.
“Nós fundamos o centro porque até então não tinha nenhuma ONG evangélica que fizesse esse serviço de prevenção e posvenção do suicídio e que tratasse esse assunto específico”, contou a fundadora.
O instituto entende a importância da informação, por isso também atua conscientizando a sociedade sobre causas, sintomas e tratamentos disponíveis aos transtornos psíquicos.
“Até hoje desde a nossa fundação, não perdemos ninguém, para a glória de Deus. Isso comprova que as pessoas podem sair de uma crise, porque não querem morrer, na verdade querem acabar com a dor que estão sentindo no momento”, conta.
O centro atua com 20 profissionais voluntários, dentre eles psicólogos e palestrantes. “A depressão tem tratamento, os transtornos têm tratamento e eles podem sim ser prevenidos se as pessoas conhecerem os sinais, os dispositivos de saúde mental”, disse Késia fazendo um alerta em seguida.
“Precisamos entender que a pessoa que crê em Deus por mais espiritual que seja ela também possui um sistema nervoso e também está vulnerável a esse tipo de doença. Sabemos que a fé é um fator de proteção, mas isso não torna a pessoa imune à doença”, explica.
A instituição foi fundada um ano após Késia perder sua irmã Débora Mesquita, que sofria de transtorno bipolar. Após passar pela experiência traumática, a jovem também teve um episódio depressivo grave e se não fosse ajuda psicológica e espiritual que recebeu, não estaria viva para contar a história e dar início ao projeto.
Durante esse período, Késia percebeu que muitas famílias sofriam por ter alguém com transtorno e não tinham informação sobre como agir em momentos de crise.
“Depois que eu adoeci, vi que faltava informação quanto aos transtornos mentais e tratamentos. Ainda há um estigma muito grande em relação as pessoas que precisam de ajuda, principalmente dentro das igrejas. Há uma tendência das pessoas espiritualizarem tudo e muitas pessoas depois que entram pra igreja tendem a largar o tratamento. Por causa disso, muitas vezes essas pessoas precisam ser internadas muito piores do que na situação anterior”, contou.
O centro hoje é reconhecido como instituição de utilidade pública e pioneiro na região com esse tipo de tratamento. Mesmo assim não conta com ajuda governamental e é mantido unicamente através de doações. Quem puder ajudar, pode fazer a sua contribuição diretamente no site do instituto.
Fonte: https://www.gospelprime.com.br/