Segundo Tim Stanley, o que acontece no Iraque é limpeza étnica, e todo o mundo precisa se atentar a essa realidade
Fonte: portasabertas
“O que os cristãos do Iraque querem em relação ao Ocidente é dizer a verdade: há uma limpeza étnica dos cristãos na região e isso está em andamento”, disse Tim Stanley em uma reunião no Parlamento do Reino Unido, neste mês de julho. O historiador e colunista, que trabalhava para o jornal britânico The Telegraph, acabou de retornar de uma visita à Planície do Nínive, no Iraque. “Se não dissermos o que realmente está acontecendo na região, que é a limpeza étnica tanto dos cristãos quanto dos yazidis, permitimos que o Estado Islâmico (EI) e outros perpetradores escapem”, disse Stanley no evento.
Desde que o EI foi empurrado para fora da região, os iraquianos deslocados começaram lentamente a retornar as suas comunidades. Mas, os cristãos continuam a viver com medo e vulneráveis. Bombas de combatentes do EI ainda estão ativas pelo território, e já há relatos de incêndios que atingiram centenas de hectares de terras e plantações de cristãos chamados de “infiéis”, no norte do Iraque.
Enquanto isso, as milícias apoiadas pelo Irã se mudaram para áreas anteriormente sob controle do Estado Islâmico, desencorajando as pessoas a negociar com os cristãos, de acordo com o discurso de Stanley. Em janeiro, uma equipe da ONU iniciou investigações no país para coletar evidências de genocídio e crimes de guerra cometidos por combatentes do EI, a fim de levar os criminosos à corte do Iraque. A ONU reluta em reconhecer a violência contra os cristãos e os yazidis como genocídio, apesar da pressão de grupos da sociedade civil e de alguns dos seus próprios estados membros, como a Holanda.
“Instrumentos do Ocidente”
Aqueles que voltaram para suas comunidades e querem sair enfrentam desafios como os processos de solicitação de visto para o Ocidente, segundo Stanley. Os EUA, sob o governo Trump, acolheram menos refugiados iraquianos do que durante o governo Obama. Em vez disso, enviaram um pacote de ajuda de US$ 35 milhões para apoiar os cristãos iraquianos e yazidis que sofreram com a ocupação do EI. O Reino Unido também tem sido lento na aceitação.
Stanley reconheceu que nem sempre é uma questão simples pressionar os governos a tratar os cristãos de forma justa. Os cristãos muitas vezes são considerados instrumentos dos governos ocidentais e vistos como uma ameaça à identidade ou segurança nacional. “O desafio, então, é ajudar os cristãos sem expô-los a riscos indevidos”, disse ele.
“Para o governo do Reino Unido, isso pode significar incluir o tema da liberdade religiosa nas futuras negociações comerciais”, disse o Dr. Matthew Rees, chefe de advocacia para Portas Abertas no Reino Unido e na Irlanda. “Assim como a mudança climática, o tema da liberdade religiosa não é uma questão de partido ou líder único, mas algo para aumentar o consenso de conhecimento ao redor do mundo”, disse Rees. Por esse motivo, reforçamos a necessidade de permanecermos em oração pela Igreja Perseguida no Iraque.