A norte-coreana Kim Hyon-hui chegou a ser presa na Coreia do Sul, após participar de um ataque terrorista, mas foi na prisão que ela se entregou a Cristo.
Como agente norte-coreana, Kim Hyon-hui participou de uma ação terrorista que matou 115 passageiros em um voo com ligação de Seul para interromper os Jogos Olímpicos de 1988 na Coreia do Sul. Ela foi presa pelas autoridades e, após o julgamento, se entregou a Jesus Cristo e encontrou nova vida Nele.
À medida que as Olimpíadas de Inverno estão em andamento, a história de redenção de Kim e um novo começo – além de seu pedido de perdão aos sul-coreanos – vem à tona, depois de anos em que ela se manteve no anonimato.
“Na Coreia do Norte, eu vivia como o robô do ditador Kim Il Sung”, disse ela, que hoje tem 56 anos, em depoimento ao Washington Post. “Na Coréia do Sul, eu tenho que viver uma nova vida. Os meus pecados podem ser perdoados pelas pessoas? Provavelmente não serão”.
Enquanto o público em geral não libera perdão para um assassino em massa, a graça de Deus perseguiu essa improvável destinatária de Seu favor imerecido.
Nascida em Kaesong, no ano de 1962, Kim terminou seus estudos e foi recrutada no início da carreira universitária para trabalhar como espiã para a ditadura comunista mais repressiva do mundo. Educada sob propaganda ditatorial desde a infância, Kim acreditou completamente na benevolência absoluta de seu ditador – e na malevolência da Coreia do Sul, do Japão e dos Estados Unidos. De fato, ela acreditava que estava defendendo sua nação.
Depois de sete anos de treinamento em japonês, cantonês, artes marciais, craqueamento de códigos, infiltração e operações secretas, Kim estava pronta para cumprir as ordens de explodir o voo 858, da Korea Airlines, em uma tentativa desesperada de interromper e desacreditar a Coreia do Sul, enquanto o país sediava os Jogos Olímpicos de verão, em 1988.
Viajando com um sócio sênior sob um passaporte falso e identidade japonesa, Kim embarcou e deixou uma bomba-relógio, disfarçada como um pequeno rádio Panasonic na bagagem de mão. Ela e sua parceira, Kim Seung Il, saíram do avião em Abu Dhabi.
Tragicamente, a bomba explodiu e matou todos os passageiros daquele voo sobre o Oceano Índico.
Kim e Seung atravessaram o globo para jogar ficarem acima de qualquer suspeita e, eventualmente, voltariam para a Coreia do Norte. Mas no Bahrein, a segurança suspeitou delas e as deteve.
Percebendo que estavam prestes a serem presas, a dupla mordeu as pílulas de cianeto (veneno) que estavam escondidas em seus cigarros, para tirarem suas próprias vidas e assim, não terem o segredo do ataque revelado.
“Nos ensinaram que se um agente falhar em uma missão, ele ou ela precisa se suicidar”, disse Kim ao Daily Mail. “Precisamos engolir a pílula para proteger o segredo. Sabemos muito bem que nossas famílias no Norte seriam prejudicadas, então, naturalmente, decidimos engolir as pílulas. No momento, pensei que minha vida acabasse assim, aos 25 anos”.
O veneno funcionou para sua amiga Segung, mas Kim acordou no hospital.
Sob forte guarda, Kim foi enviada para a Coreia do Sul com um tipo de focinheira, para impedir que ela mordesse a língua. Kim mentalizava hinos patrióticos norte-coreanos enquanto desembarcava do avião. Ela determinou suportar até a pena de morte com o máximo fervor patriótico.
Os interrogadores a levaram para a Coreia do Sul, para que ela pudesse ver por si mesma os sorrisos e a prosperidade das pessoas livres. Aquilo contradizia o que ela havia aprendido na Coréia do Norte. Os comunistas haviam aprendido que os sul-coreanos sofriam uma grande pobreza, como se fossem marionetes do governo, apoiado pelos Estados Unidos. Com seus próprios olhos, ela podia ver que toda aquela imagem feita pelo comunismo era falsa, que a “operação tática” para desestabilizar a Coréia do Sul era “fundada em mentiras”, disse ela.
Depois de oito dias, ela quebrou o silêncio e confessou seu papel no ataque terrorista. Foi só então que ela refletiu sobre as vidas que ela ceifou, as centenas de sul-coreanos que correram para os aeroportos, tentando descobrir notícias de seus entes queridos. Foi só então que ela percebeu que ela se transformou em nada mais do que uma assassina de coração frio, uma marionete de um regime totalitário, inclinado a causar alvoroço em todo o mundo, apenas para preservar seu domínio em sua própria nação faminta.
Kim foi condenada à morte por um tribunal sul-coreano em março de 1989, mas o presidente Roh Tae-woo revogou sua sentença, dizendo que Kim era uma vítima da lavagem cerebral do governo norte-coreano. Ela se desculpou publicamente e se arrependeu de seu papel no ataque terrorista. Em uma coletiva de imprensa, ela pediu o perdão da nação sobre a qual ela havia infligido um massacre.
Então, liberada da prisão, ela fugiu da mira do público, se casou e começou uma nova vida. Escondendo-se em um local não revelado, ela sempre teria uma preocupação com sua segurança. Os norte-coreanos tinham um hábito desagradável de caçar e matar seus ex-agentes que, na sua opinião, traíram o governo deles.
Kim tem dois filhos adolescentes. Seu marido era um de seus interrogadores iniciais na Coreia do Sul. Ela se tornou uma dona de casa. Os jogos de inverno em que a Coreia do Norte e a Coreia do Sul desfilaram sob uma bandeira de unidade abriram novamente as feridas de 30 anos atrás. Ela está revivendo o trauma de sua culpa e pedindo novamente perdão.
Sem dúvida, a busca pelo perdão foi o que a levou a Cristo. Sob a doutrina comunista, o cristianismo e outras “religiões” são o “ópio do povo” ou “uma ferramenta da burguesia para oprimir e estupefar as classes mais baixas”. Tem sido uma prática padrão dos regimes comunistas perseguir os cristãos e eliminar seus ensinamentos em seu suposto objetivo de “libertar as pessoas e consagrar o humanismo e o socialismo”.
Rapidamente após o julgamento, Kim começou a explorar o cristianismo. Ela teve um breve contato com a religião quando seus parentes oraram para que Deus a curasse do que os médicos achavam que era pólio, quando ela estava na terceira série. Naquela época, ela estava com muito medo de abraçar qualquer crença no sobrenatural, porque considerava tudo aquilo “supersticioso”.
“Eu estava com medo de ouvir sobre a religião em um ambiente rigoroso no qual (o então ditador) Kim Il-sung tinha que ser o único pensamento da cabeça aos pés para os cidadãos”, disse ela ao Seoulshinmun Daily em 1990.
Ela tinha medo de qualquer coisa “sobrenatural”, mas ela não esqueceu aquele episódio.
Dois meses antes da sentença, ela começou a receber estudos bíblicos. A Palavra e o Espírito suavizaram seu coração e fizeram com que ela se rendesse a Jesus como seu Senhor e Salvador.
Uma vez que ela foi libertada da prisão, foi batizada pelo pastor Han Kiman, na Igreja Batista Yeouido, em 29 de março de 1991, de acordo com o Korean Herald.
“Sou nova criatura. Eu vou viver como uma pessoa nova, que servirá a sociedade, recriando o significado do pecador como alguém salvo por Deus e fazendo o que cabe à Sua filha fazer”, disse ela na época.
Hoje, a terrorista redimida não confia na participação pacífica da Coreia do Norte durante as Olimpíadas de inverno.
“Eles estão usando a Coreia do Sul para superar suas dificuldades”, disse Kim. “Para alcançar seus objetivos, eles assassinam seu próprio povo, irmãos, famílias – não se deixe enganar, a Coreia do Norte não mudou”.
Kim está trabalhando para o Serviço Nacional de Inteligência da Coréia do Sul e atualmente está escrevendo suas memórias para alertar o mundo sobre os perigos da Coréia do Norte. Ela se considera privilegiada por ter uma segunda chance na vida, uma na qual ela pode servir a Deus livremente.
“Eu era uma grande pecadora”, disse ela. “Eu deveria ter morrido”.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO GOD REPORTS