Mídia critica uma “interferência da religião” no ministério da Ciência e Tecnologia
por Jarbas Aragão
O advogado Marcos Pereira (PRB/RJ), presidente nacional do Partido Republicano Brasileiro (PRB), também é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Já ocupou a vice-presidência da Rede Record, sendo um homem de confiança do bispo Edir Macedo.
De acordo com o Estadão, nos últimos dias, o nome de Pereira aparece como um dos nomes mais fortes para assumir a pasta de Ciência e Tecnologia do governo Michel Temer. Caso Dilma seja afastada após a votação do Senado, programada para a semana que vem, o ministério do peemedebista já estaria “pronto”. Oficialmente, o PMDB tem evitado confirmar nomes.
Com bancada majoritariamente evangélica, o PRB irá indicar o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. Marcos Pereira já se encontrou com Temer para discutir a indicação. Incialmente, a imprensa divulgou que o partido queria ocupar o Ministério da Agricultura, mas esse deve ficar com o PP.
O ministério que será ocupado pelo PRB é responsável pela política nacional na área da ciência e isso gerou críticas da mídia. O motivo é o temor que possa haver uma “interferência da religião” nos trabalhos de pesquisa. Contudo, não existe nenhum indicativo que isso possa acontecer.
A aproximação de Temer com os evangélicos tem sido muito noticiada (e criticada) pela mídia. Ele recebeu o apoio público de Silas Malafaia, bem como de vários deputados da frente parlamentar evangélica, que se encontraram com ele para reuniões de oração. No último final de semana foi apoiado publicamente por Marco Feliciano (PSC/SP), que pediu apoio ao “futuro presidente”.
Histórico com polêmicas
A legenda, que possui 22 deputados federais, além do senador Marcelo Crivella (RJ), já ocupou ministérios no governo do PT.
Como parte da base aliada por mais de uma década, o PRB ocupou três ministérios durante os governos petistas, incluindo a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo da Presidência da República (que tinha status de ministério) em 2006, com Roberto Mangabeira Unger.
Além disso, o senador Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo, foi nomeado ministro da Pesca no governo Dilma. A presença de Crivella foi muito criticada pela sua falta de “afinidade” com o assunto. Ao sair do cargo, para disputar o governo do Rio de Janeiro, foi substituído por Eduardo Lopes, também do PRB.
Em janeiro do ano passado, o pastor da Universal George Hilton, então no PRB, assumiu como Ministro dos Esportes. Foi muito criticado por não ser “da área”. Após o rompimento do PRB com Dilma, ele preferiu ir para o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e permanecer no cargo. Mesmo assim acabou demitido e, ao reassumir como deputado votou contrário ao Impeachment.