Pressão interna já chegou no vice-presidente eleito, General Mourão
O anúncio feito pelo presidente eleito Jair Bolsonaro sobre a mudança da embaixada brasileira para Jerusalém teve repercussão mundial. Embora tenha reiterado que não mudará de ideia, o futuro mandatário do país vem sofrendo diferentes tipos de pressão, interna e externa.
Segundo o jornal O Globo, um grupo de 18 embaixadores de países árabes terão um encontro com Bolsonaro nos próximos dias. Eles tentarão convencê-lo a não transferir a embaixada. O embaixador da Palestina, Ibrahim Alzebem, usa como argumento o fato de a ONU não reconhecer Jerusalém como capital de Israel. A proposta alternativa seria que, caso o futuro mandatário não ceda, seria a transferência de duas embaixadas para a cidade: a de Israel, hoje em Tel Aviv, e a da Palestina, em Ramallah.
Alzebem sabe que Bolsonaro tem apreço por Israel e já falou em reverter a decisão do ex-presidente Lula, que reconheceu a Palestina como país. Algo que a ONU também nunca fez. Sua opção foi amealhar apoio de outros embaixadores.
Um dos principais é Malek Twal, da Jordânia, que declarou: ” Em vez de ser parte do conflito, o Brasil deveria ser o mediador para a paz na região”. Já Alaa Roushdy, embaixador do Egito, quer o cumprimento das resoluções internacionais por Israel, o que significaria dividir Jerusalém em duas.
Já o embaixador do Marrocos, Nabil Adghoghi, aposta em prejuízos financeiros. As nações árabes são os principais compradores de produtos de origem animal do Brasil. “Acreditamos que o fato de um país mudar sua embaixada talvez até ajude o governo a curto prazo. Mas a longo prazo isso não servirá aos interesses econômicos e estratégicos do Brasil perante a comunidade internacional”, afirmou o marroquino. Contudo, ele reconhece que haverá um grande apoio dos Estados Unidos.
Pressão interna
Conforme vem sendo aventado pela imprensa, a possibilidade de boicote dos países árabes preocupa os exportadores brasileiros, gerando pressão sobre a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
O vice de Bolsonaro, General Mourão declarou que é preciso cautela em relação ao tema. Além de ponderar sobre a possibilidade de “perdermos essa via de comércio” com os países árabes, teme pela segurança do país.
“Há também uma população de origem árabe muito grande em nosso país, concentrada nas nossas fronteiras.
Temos sempre que olhar a questão do terrorismo internacional oriundo da questão religiosa, que poderá ser
transferida para o Brasil se houver um posicionamento mais forte em relação ao conflito do Oriente Médio”, disse ele à Folha de São Paulo.
A vinda do assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, ao Brasil na próxima semana e a possibilidade de que o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu esteja na cerimônia de posse do novo governo devem trazer tranquilidade para Bolsonaro e evitar que repitamos o Paraguai.
Em 9 de maio o ex-presidente Horacio Cartes anunciou a decisão de mudar a embaixada do país vizinho para Jerusalém. Quando Mario Abdo Benítez assumiu o poder em setembro, uma de suas primeiras decisões foi reverter o ato de seu antecessor. A imprensa paraguaia repercutiu na época que houve uma forte pressão dos países árabes.
Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br