No Egito é uma tradição os cristãos tatuarem uma cruz no pulso para celebrar sua identidade em Cristo

Na República Árabe do Egito, é muito comum ver um cristão usando a versão egípcia da cruz, aquela que tem os quatro lados iguais. A maioria tatua essa cruz assim que se converte ou têm consciência de sua identidade cristã.

Para eles, a cruz tatuada é motivo de orgulho, força e determinação diante da perseguição que enfrentam todos os dias. O cristão perseguido que vive no Egito enfrenta muitas hostilidades por causa da sua fé, relata o ministério Portas Abertas.

Uma das mais severas é a que vem da própria comunidade e família que ainda não se converteu. Logo, conviver em sociedade torna-se um desafio diário e a cruz tatuada os faz lembrar de quem são, assim se sentem mais fortes.

Não é idolatria, é identidade cristã

Mas usar uma cruz tatuada não os isenta de risco, pelo contrário, os deixa mais vulneráveis ainda e expostos aos perseguidores. Recentemente, formou-se no país um grupo extremista chamado Estado Sinai, que tem se declarado autor de diversos ataques a cristãos, suas casas e comércios.

Bassem Herz Attalhah, também conhecido como Haythem Shehata, estava a caminho de casa em El-Arish, capital da província do Norte do Sinai, numa noite quente em janeiro de 2017. Com seu irmão Osama e seu vizinho e amigo Mohamed, eles foram abordados por três homens armados, com idades entre 23 e 25 anos.

Perseguição e morte

“Pensamos que eles eram policiais porque não escondiam seus rostos. Eles usavam jaquetas pretas”, disse Osama. “Ao se aproximaram, pediram a Bassem que lhes mostrasse o pulso da mão direita e, quando viram a tatuagem da cruz, perguntaram-lhe: Você é cristão? Bassem respondeu: Sim, eu sou cristão, em voz alta”.

Mohamed não tinha tatuagem, então foi autorizado a ir embora. Osama também tinha a cruz no pulso, mas eles não viram. Como o nome “Osama” é muito comum no islamismo, os homens pensaram que ele era muçulmano. Ele também foi liberado após dois tiros no chão, perto de seus pés.

“Depois eles atiraram em Bassem. Eu não pude acreditar no que aconteceu com meu irmão. Ele caiu no chão, na minha frente e eu não pude fazer nada”, lamentou.

“Perdemos uma pessoa muito amada por nós e por todos. Meu irmão Bassem era um homem muito bom e gentil. Ele tinha um forte relacionamento com Deus e estava sempre lendo a Bíblia, orando e indo para a igreja”, disse Osama.

O preço pago por seguir a Cristo

Em março de 2017, estima-se que 70% das 160 famílias cristãs que moravam na cidade partiram. A esperança e o sonho de um dia retornar às suas casas em El-Arish se tornou muito difícil, especialmente após essa tragédia.

O assassinato de Bassem é um exemplo extremo do que os cristãos no Egito enfrentam todos os dias: perseguição e assédio por causa de sua fé em Jesus. Apesar disso, eles não escondem suas cruzes tatuadas.

O significado de suas tatuagens

“Sempre sou insultado e assediado por policiais quando eles veem as cruzes tatuadas em minhas mãos. Mas eu gosto da minha religião e tenho orgulho de ser cristão. E eu não tenho medo de nada. O próprio Jesus foi perseguido e Ele nos disse que neste mundo teremos aflições, mas Ele venceu o mundo (João 16.33)”, disse Mounir, 36 anos.

Mounir
Mounir fazendo sua cruz. (Foto: Portas Abertas)

“Estou muito orgulhosa da minha tatuagem de cruz. Ela mostra a outros que sou cristã e gosto disso. Eu quero que todas as pessoas saibam que eu sou cristã. O Senhor é bom, Ele é a fonte da nossa força e proteção. Eu confio muito nele. Não tenho medo de perseguição”, declarou Warda, 18 anos.

Warda exibe sua tatuagem. (Foto: Portas Abertas)

“O único que temo é Deus. Como a Bíblia diz: Não tenha medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tema o que pode destruir a alma e o corpo no inferno (Mateus 10.28)”, continuou a jovem.

“Para mim, a cruz é um símbolo de força e redenção. É uma grande benção. Quando olho para a cruz no meu pulso, lembro-me da graça de Jesus. Sinto paz e tranquilidade […] Não importa quanto somos oprimidos, Jesus está conosco”, afirmou Sabah, 56 anos.

Sabah
Sabah mostra sua tatuagem. (Foto: Portas Abertas)

Proteção para a igreja

“A cruz tatuada também tem algumas aplicações práticas, por exemplo, o irmão que guarda a entrada da igreja rapidamente irá identificar os verdadeiros cristãos e poderá deixá-los entrar”, explica Ebah, 35 anos.

No Egito, muitas vezes, a igreja precisa impedir a entrada de não cristãos para evitar possíveis ataques. “Mas ter a cruz tatuada também me causou muitos problemas. Alguns colegas não querem trabalhar comigo porque sou cristão. Mas isso não é novidade para mim. Jesus disse que o mundo nos odiaria porque somos seus seguidores”, continuou.

“Lembro-me de um dia, em 2007, quando voltava do trabalho para casa, um muçulmano no ônibus ficou bravo e cuspiu no chão quando viu a tatuagem de cruz no meu pulso. Naquele dia, decidi fazer mais uma, porque tenho orgulho da cruz”, disse.

“É um símbolo de vitória e força para mim. Ter as tatuagens também traz responsabilidade. Nós somos os embaixadores de Cristo na terra. Assim, com o Espírito Santo habita em nossos corações, não devemos apenas mostrar nossa fé através de nossa tatuagem, mas também através de nossas boas ações”, conclui Hanna, 46 anos.

Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br