Igrejas subterrâneas desafiam a proibição oficial de estudarem a Bíblia

Apesar do discurso de liberdade religiosa, o que se vê no país mais populoso do mundo é um aumento da perseguição religiosa, sobretudo contra os cristãos. Este ano, o Partido Comunista da China emitiu um “alerta contra a celebração do Natal”, alegando que os chineses deveriam “resistir à corrosão da cultura religiosa ocidental”. Esse tipo de ação gera diferentes consequências em toda a nação.

As autoridades da cidade de Wenzhou, na província de Zhejiang, já haviam proibido a realização de classes de Escola Dominical nas igrejas desde agosto, mas os cristãos desafiam as ameaças e lutam para que as crianças continuassem aprendendo sobre Jesus e a Bíblia.

Mesmo sabendo que podem ir para a prisão, a opção dos líderes das igrejas da região foi estimular os pais a ensinarem as crianças em casa. Algumas igrejas mudaram os dias e horários das aulas, para fugir das “batidas” policiais. A mensagem de todos é a mesma: não vamos desistir de capacitar a nova geração.

O Partido Comunista, oficialmente ateu, multiplicou nos últimos anos as tentativas de conter a influência da religião, restringindo as manifestações de fé e advertindo contra as ideias “ocidentais” do cristianismo. Contudo, os fiéis da região de Wenzhou acreditam que o partido terá dificuldade em exercer controle sobre a próxima geração de cristãos do país.

“Drogas, pornografia, jogos de azar e violência são sérios problemas entre a juventude de hoje”, disse ela à Reuters. “Não podemos estar ao lado deles o tempo todo, então somente através dos princípios da fé eles vão aprender qual a coisa certa a fazer”.

As províncias de Zhejiang, Fujian, Jiangsu, Henan e a região autônoma da Mongólia Interior impediram que crianças participem de aulas sobre religião, incluindo na Escola Dominical e nos acampamentos de verão.

Em Wenzhou, cuja comunidade cristã foi iniciada por missionários do século XIX, são mais de um milhão de cristãos conhecidos. A partir de 2014, quando uma campanha do governo para demolir igrejas “ilegais” e derrubar suas cruzes gerou atrito das autoridades com os crentes, algo que só vem aumento desde então.

Em setembro, foram assinadas novas leis que expandiram o controle estatal sobre a educação religiosa em todo o país. Escolas cristãs foram fechadas pelas autoridades, sob acusações que promoviam uma “lavagem cerebral” em seus alunos.

As autoridades dizem que as novas medidas são uma tentativa de criar uma “nova geração de líderes religiosos leais ao partido”.

Comunismo X Cristianismo

Wang Zuoan, chefe da Administração Estatal de Assuntos Religiosos da China, afirmou à Reuters que existe uma “necessidade urgente de mais líderes religiosos patrióticos”. Trata-se de uma menção ao comando deles sobre as “igrejas oficiais” onde os sermões dos pastores são supervisionados pelos líderes comunistas e não e pode pregar o evangelho abertamente. Mas para os líderes cristãos das igrejas subterrâneas, o controle do partido sobre a educação religiosa é inaceitável, pois eles colocam a ideologia comunista acima de Deus.

Nas últimas quatro décadas, o número de cristãos na China se multiplicou rapidamente. Os números oficiais dizem que há agora cerca de 30 milhões de cristãos, na maioria evangélicos. Contudo, especialistas acreditam que eles já passam de 300 milhões.

Para a senhora Chen, em Wenzhou, a fé deve ser o pilar da educação, pois ela acredita que os crentes em Jesus voltarão a ser mais numerosos que os ateus na China, como era antes da revolução comunista. “Definitivamente haverá mais cristãos na próxima geração “, disse ela, pois “a capacidade da fé cristã em ser herdada e transmitida” é incomparavelmente maior que os ideais comunistas. Com informações de Reuters

Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br