Constitucionalistas veem uso da Casa para cultos como ‘inadmissível’
por Jarbas Aragão
A Câmara Municipal de São Paulo está no meio de uma controvérsia. O motivo são os cultos que ocorreram no local pelo menos uma vez por semana neste ano. Uma matéria do jornal O Estado de São Paulo mostrou que a Casa hospedou 24 atos de cunho religioso entre janeiro e junho, com custos pagos pelo Legislativo.
O levantamento baseia-se na agenda de eventos do Cerimonial da Câmara, disponível na internet. Para os vereadores e as entidades que usam o local, isso é apenas liberdade de expressão e não constitui ilegalidade.
Localizado no 1º andar do Palácio Anchieta, o Auditório Prestes Maia tem capacidade para abrigar 200 pessoas. Desde 2014, o Ministério Ágape Reconciliação, ligado à Igreja Bola de Neve, faz um culto de oração no local uma vês ao mês.
Participam diversos vereadores evangélicos, como Eduardo Tuma (PSDB) – autor do projeto de lei que instituiria o “Dia de Combate à Cristofobia”.
Além da pregação do evangelho, há momentos de louvor e orações. Segundo o jornal, em desses cultos foi feito um momento de intercessão em que foi feito um pedido de perdão a Deus em nome do povo brasileiro.
“A gente sabe que existe algo chamado Foro de São Paulo, e sabemos que nosso governo atual [Dilma Rousseff] está envolvido nisso. Nós Te pedimos perdão por alianças com países que estão tentando implantar o comunismo, que já estão em processo de doutrinação desde a época em que houve ditaduras em toda a América Latina. Pedimos que tende piedade de nós, porque essa é uma doutrina feita por um satanista chamado Karl Marx”, pediu um homem que dirigia o momento: “Pedimos perdão por todo tipo de casamento gay, de doutrinação”, afirmou outro fiel no evento.
Outro culto, assistido pela redação no Salão Nobre, no 8º andar do prédio, estavam várias mulheres cantando. Promovido pela vereadora Noemi Nonato (PR), missionária da Assembleia de Deus e autora do projeto de lei que incluiu o Dia do Círculo de Oração no calendário oficial.
O vereador Jean Madeira (PRB), que também é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, promoveu no Plenário Primeiro de Maio o “Louvorzão Fé São Paulo”, que visava homenagear “os representantes da música gospel”. Ele insistiu com a prefeitura para que houvesse música gospel na Virada Cultural – mas não foi atendido.
A Presidência da Câmara afirmou ao Estado de São Paulo que os vereadores têm direito de requisitar os auditórios para eventos particulares. Os assuntos tratados nas cerimônias são de responsabilidade do parlamentar que o promoveu.
Fonte: noticias.gospelprime.com.br