Em uma entrevista exclusiva ao Portal Guiame, o pastor Roberto de Lucena falou sobre os 61 anos da Igreja O Brasil para Cristo e comentou as lutas que a denominação enfrentou no passado.

Nesta sexta-feira (3), foi celebrado oficialmente o Dia Nacional da Igreja O Brasil Para Cristo (amparado pela Lei 13.279/2016, aprovada em maio de 2016). A denominação chega aos seus 61 anos de existência, com uma história de muitas lutas e conquistas, desde o seu início, como um ministério evangelístico itinerante, enfrentando até mesmo a repressão da ditadura militar e se solidificando como 4 mil congregações e cerca de 1 milhão de membros, ao total.

A igreja foi fundada pelo missionário Manoel de Mello – um trabalhador da construção civil, que viajou do do sertão de pernambucano para São Paulo, em busca de oportunidades. Porém quando ele entregou sua vida a Jesus Cristo e se converteu em uma congregação da Assembleia de Deus, começou a compreender que os propósitos divinos em sua vida eram maiores do que ele imaginava.

Tempos depois, o missionário aderiu à Cruzada Nacional de Evangelização, que originou a Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil. Em 1955, Manoel de Mello foi ordenado ministro pela ‘International Church of the Foursquare Gospel’ (Igreja do Evangelho Quadrangular), nos Estados Unidos.

No mesmo ano, o evangelista teve uma visão de Deus, a qual o comissionou a iniciar um ministério que ficou conhecido como ‘O Brasil para Cristo’, fundado em 1956, depois que ele voltou dos Estados Unidos para o seu país de origem.

A igreja O Brasil Para Cristo acabou crescendo e ganhando força considerável nas áreas necessitadas e operárias da zona leste de São Paulo. A denominação também alcançou destaque entre as igrejas pentecostais do Brasil. Movimentos pentecostais como a Igreja Deus é Amor e a Casa da Bênção, por exemplos, foram originados na igreja fundada pelo missionário Manoel de Mello.

Missionário Manoel de Mello durante cruzada evangelística. (Foto: Divulgação)

Em uma entrevista exclusiva ao Portal Guiame, o pastor e deputado federal Roberto de Lucena (PV – SP), que já foi presidente nacional da Igreja O Brasil para Cristo, falou sobre as recentes conquistas da denominação e também comentou a história de lutas da comunidade, como a perseguição que sofreu nos tempos da ditadura militar no Brasil – a qual o líder cristão alertou que muitas igrejas evangélicas atuais “não suportariam”.

Confira abaixo:

Portal Guiame: Neste dia 03 de março será celebrado pela primeira vez em caráter oficial, o Dia Nacional da Igreja O Brasil Para Cristo (amparado pela Lei 13.279/2016, aprovada em maio de 2016). Como é possível caracterizar o significado desta conquista da igreja O Brasil para Cristo no âmbito público?

Roberto de Lucena: A inserção da data comemorativa da fundação da Igreja O Brasil Para Cristo no calendário Nacional é o reconhecimento do importante trabalho que essa denominação evangélica pentecostal tem desenvolvido no Brasil ao longo dessas seis décadas. Uma história de dedicação ao povo e consagração a Deus.

Portal Guiame: A denominação começou como um ministério itinerante de evangelismo e atualmente tem 4 mil congregações em atividade no Brasil, cerca de 2 mil pastores e 1 milhão de membros e frequentadores em todo o país e fora dele. Quais fatores se destacaram nesses 61 anos como essenciais para esta solidificação?

Roberto de Lucena: Quando a igreja fui fundada já existiam no Brasil centenas de denominações, grandes ou pequenas, fazendo um belo trabalho. O Brasil Para Cristo não era melhor, nem pior. Era diferente. Pregava a Bíblia Sagrada com ênfase na atualidade do exercício dos dons espirituais. Teve coragem para desenvolver uma liturgia mais flexível, com cânticos e palmas. Foi a primeira igreja no País à utilizar praças, estádios de futebol, cinemas e teatros para a pregação do evangelho. Uma visão contextualizada. Avançou, fez história, influenciou os grandes movimentos evangélicos que se seguiram. Se organizou e se solidificou.

Portal Guiame: No histórico da igreja consta que a denominação enfrentou a censura do regime militar. Como o senhor acredita que as igrejas atualmente podem sobreviver a tempos de repressão e impedimento de pregar a verdade bíblica?

Roberto de Lucena: A igreja foi severamente perseguida no seu início. Varios de nossos pastores foram presos. O proprio fundador, Missionario Manoel de Mello, foi preso 27 vezes. Alguns de nossos templos foram depredados, nossas tendas de lona queimadas. A igreja evangélica da atualidade não suportaria condições semelhantes. Nesse caso quanto mais perseguida, mais a igreja crescia.

FONTE: GUIAME, POR JOÃO NETO