Em meio à preparação das eleições no próximo ano, o governador da capital Jakarta, Basuki Tjahaja Purnama, está sendo atacado por seus adversários muçulmanos. Querendo dar uma resposta “à altura”, ele citou um verso do livro sagrado do islamismo.

Isso foi o suficiente para que líderes radicais que não aceitam serem governados por um cristão, o acusassem de “blasfêmia”. Aproveitaram para exortar os muçulmanos a não votarem em Purnama, mais conhecido pelo apelido de “Ahok”. Ele é o primeiro governador cristão chinês de Jacarta em quase 50 anos. Amigo do presidente da Indonésia, Joko Widodo, ela já foi indicado como um possível sucessor, o que colaborou para a explosão dos protestos.

As ruas da capital foram tomadas de manifestantes nesta sexta-feira (04), dia sagrado para os seguidores do Islã. Os protestos se concentraram diante do palácio presidencial, onde foi exigida a renúncia do governador. “Ele não é muçulmano, mas humilhou o Alcorão”, disse Muhammad Said, um dos que foram aos protestos desta manhã.

“.”[Cristão] Não se refira a nada no Alcorão, especialmente interpretando-o incorretamente… peço a Allah que ele seja preso”. Já Hiday At, que também estava no evento, apregoava: “ele ofendeu o nosso profeta e deve ser morto por isso”. Em vários momentos era possível ouvir as pessoas gritando “Allahu Akbar” [Deus é grande], grito típico dos jihadistas, que é um misto de declaração fé e uma declaração de guerra.

As tensões aumentaram no país, pois 18 mil agentes de segurança foram enviados para garantir que as coisas não saíssem do controle. Jacarta tem 10 milhões de habitantes. Muitas lojas foram fechadas como prevenção. Há relatos de que a polícia reagiu à manifestação com violência e lançou gás lacrimogênio contra a multidão. Em meio a esses confrontos, pelo menos uma pessoa foi morta e uma dezena ficaram feridas.

Os manifestantes, liderados pelo grupo político Frente de Defensores Islâmicos, também fez ameaças a comunidade cristã. Recentemente, grupos extremistas juraram lealdade ao Estado Islâmico.

Há o temor que surja uma nova “onda” de perseguição contra os de etnia chinesa, como os massacres de 1998, em que muitos cristãos foram mortos, além das igrejas invadidas e incendiadas. Em 2003, nas ilhas molucas, radicais islâmicos também mataram centenas de “infiéis não islâmicos”. Com informações de Christian Today