Há registros de doentes que fugiram do hospital para irem a culto

Em algumas regiões da África, o Ebola voltou com força recentemente. No noroeste da República Democrática do Congo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) registrou 45 casos da doença. A maioria dos infectados morreu em poucos dias. Agora, o governo promove uma grande campanha de vacinação e de conscientização da necessidade de tratá-la com remédios.

Contudo, parte da população ainda é resistente à medicina tradicional e corre para as igrejas evangélicas que prometem cura divina ao invés de procurar tratamento. Após a OMS declarar oficialmente que havia um surto no Congo, o governo local está pedindo a colaboração dos líderes religiosos para combatê-la.

No início de junho, as igrejas católicas no Congo suspenderam a unção dos doentes nas igrejas para não expor os fiéis durante as missas. Mesmo assim, alguns pastores que afirmam ter poder de curar doenças continuam estimulando as pessoas a não tomarem remédios e “terem fé” para que tenha a saúde recuperada.

Doença espiritualizada

Um caso emblemático dessa disputa de forças ocorreu no mês passado, quando dois pacientes infectados com Ebola fugiram do isolamento hospitalar, para que fossem levados a uma reunião de oração, onde expuseram os cerca de 50 fiéis presentes no local.

“A fuga foi organizada pelas famílias, os pacientes estavam muito doentes e não podiam andar. Foram levados em motos”, conta o Dr. Jean-Clement Carbol, coordenador da Médicos Sem Fronteiras na região. “Eles foram levados a uma igreja onde estavam 50 pessoas e receberam orações. Os fugitivos foram encontrados às duas da manhã, um deles morto e outro morrendo.”

“Muitos doentes acreditam que a epidemia de Ebola é resultado de feitiçaria. Eles recusam-se a serem tratados e preferem orar”, disse Julie Lobali, enfermeira de um hospital em Mbandaka, a cidade onde os dois pacientes fugiram do hospital. Após a morte de um pastor evangélico no mês passado depois de orar com alguém contaminado pelo Ebola contribuiu para a polêmica.

“Uma vez que a doença é espiritualizada, sua solução só pode vir do homem ou mulher de Deus com o poder de lidar eficazmente com o mal”, avalia J. Kwabena Asamoah-Gyadu, professora de História do Cristianismo Africano.

Essa ‘espiritualização’ da doença também levou enfermos a procurarem feiticeiros que fazem “trabalhos” de curandeirismo, uma antiga tradição africana.

Obviamente não são todos os líderes cristãos que defendem o tratamento de fé em vez dos cuidados médicos. A maioria, na verdade, defende que os dois são importantes.

O Embola é um vírus com uma taxa de mortalidade em torno de 50%. Nas últimas décadas, foram nove surtos da doença somente no Congo. A epidemia atual começou no início de maio, e já deixou pelo menos 30 mortos. Com informações Christianity Today

Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br